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Poderíamos talvez classificar três formas de observar a vida: racionalmente, religiosamente e emocionalmente. Racionalmente seria o sentido da vida como um único objetivo: de reprodução para manter a espécie. Do ponto de vista religioso, teríamos uma determinada missão a cumprir e seriamos enviados a esta missão como um dever a ser cumprido. Emocionalmente vivemos nossas vidas por outro que amamos e nos doamos. O sofrimento maior não é não ter um sentido na vida, pois neste caso solucionamos com uma busca ao sentido. O sofrimento maior é a angustia de saber que caminhamos em direção a nossa morte. Que de fato a vida nos leva a morte, inevitavelmente. Vivemos para morrer. Enfim, descobrir que o nascimento é o ponto de partida para o destino morte é agonizante, angustiante, aterrorizante. A consciência do sentido da vida e o fim da vida é um sofrimento, pois não o dominamos e o desconhecemos. Logicamente, poderíamos pensar que hoje é um dia a menos para minha morte. De fato, é. Faz-me sentir-me vivo, extremamente vivo! Alias é uma sensação de conforto de alivio. A morte é o desconhecido, nada é mais assustador que o desconhecido.
Pensar a vida e a morte num plano existencial é limitar-se ao racional. Posso pensar a morte dos outros, não a minha nem das pessoas que amo, mesmo racionalmente, gera uma ameaça. Seria este, um momento de lucidez humana? No sentido de saber de que a morte me pertence, acontecerá. Desejamos que fosse num futuro distante. Neste instante a vida recebe todos os sentidos possíveis, nos tornamos racionais, religiosos, emotivos e ainda se preciso, encontramos mais motivos para mantermos vivos, longe da morte.
A verdade é que mesmo a morte sendo a incógnita da vida e às vezes questionando o sentido da vida, o pensar a morte já se torna a morte da minha "inocência". De um dia ter acreditado que eu não iria morrer."
Autor: Jorge Antonio Torres MachadoLetícia Luconi
Foto: Estação das Docas - Belém-Pa